Bailarina
Pela vidraça vejo uma bailarina
Seu olhar de mulher se rende ao doce rodopiar de menina.
Seus movimentos alcançam o céu, e se ouve um coro de anjos a
Aplaudir esta dança divina.
E de repente, seus cabelos desprendem-se da bela fita de cetim, no branco mais branco que a luz irradia, e vejo as duas em única coreografia.
Pela janela vejo seus braços subindo, descendo. Ela acena, e quem sabe, me chama.
De olhos fechados revela desejos de quem ardentemente se ama.
Gira, gira, vai girando, de teu sonho de menina acordando, e pela janela eu vejo minha mão te amparando em tuas mãos tão finas. Doce bailarina estaria eu contigo por trás das cortinas?
Suas sapatilhas aladas a levam de norte a sul, e trazem de volta teu lábio vermelho, teu sorriso, e a calmaria de teu olhar azul.
Seu corpo contorcido num ritmo sem igual, se solta em graça e leveza,
Anunciando a morte de um cisne em toda sua realeza.
Pela vidraça vejo uma bailarina. Dançar é tua cadência, bailar é tua vida.
Ondulando no equilíbrio, sobe, desce, brinca, dá meia volta, e encontra a menina perdida.
Estonte-ei-me ao vê-la, ganhar o espaço. Minha doce bailarina, de minha janela vejo tuas lágrimas, queria chegar de mansinho aproximar passo a passo, secar seu rosto acolhê-la em meus braços e deixá-la dançar mais e mais.
Bailarina,
Teu balé me emudece, estonteia, inebria e
fatalisticamente fascina.
Nenhum comentário:
Postar um comentário